a escalada das montanhas de mim mesmo I

quarta-feira, 25 de março de 2015

caminhamos por um terreno rochoso. já passamos por um vale escuro e sombrio – e o artesão estava lá conosco. sou grato por isso –, mas hoje é um daqueles dias que eu me sinto sozinho. não tive uma boa noite de sono e o terreno duro fez com que meu ombro direito acordasse dolorido. eu sei que não devo me sentir assim, afinal tenho os três ao meu lado. mas mesmo assim eu sou humano, egoísta e só. é horrível admitir isso, mas sei que tenho que admitir meus medos e erros. catalogá-los.

- como homem eu não gosto de dividir minhas coisas;
- meu maior desejo é viver em um mundinho perfeito que eu mesmo criei para fugir da realidade.

meu maior desejo...

meu maior desejeo nesse novo ciclo é não escapar da realidade, e sim encará-la, e por isso estou aqui, escalando essa rocha. meus dedos da mão estão acabados e algumas de minhas unhas sangram, meus joelhos estão aranhados, minha garganta está seca e eu estou com sede.

mas estou aqui encarando minha realidade.

eu não quero mais viver em um mundinho particular meu. muito menos viver em um mundinho particular nosso. fomos criados para viver na presença deles, e isso que eu quero. que possamos caminhar/habitar na presença deles. uso ambas as mãos como alavanca e subo mais um pouco. rastejo, e me sento admirando o vale lá embaixo. você se aproxima de mim com seus olhos estreitos e me olha. eu amo o seu olhar. mesmo que eu não saiba o que é o amar.

“devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará”, o guerreiro disse isso, eu sei, mas será que o único amor que se esfriaria é aquele se sentimos por ele ou pelos outros também? olho para você novamente. eu não quero estar obcecado por você, eu quero te amar. amar verdadeiramente. amar muito. é o que eu mais quero enquanto estou nessa realidade terrena. poder sentir um sentimento divino. 


eles me criaram à sua imagem e semelhança, logo eu sou capaz de amar, por isso, aqui, olhando pra ele te peço, guerreiro: 

- me ensine a amá-lo. eu não quero ser um homem egoísta, cego pelos meus problemas do passado, eu quero acreditar que o amor transforma, use esse sentimento para me transformar. eu te peço.

levanto os meus olhos castanhos para os montes e sei que o socorro para toda culpa, mágoa, medo, rancor, angústia, enfermidade e dor estão lá, no alto.